sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O Comendador

Conheci o comendador em 1994, no Monte Palace. Cheguei cedo a uma cerimónia anual que realizava nos jardins do antigo hotel do Monte, para os bolseiros da sua fundação. O comendador veio-me cumprimentar e eu aproveitei para trocar uns dedos de conversa com ele. Homem alto, reservado, bem vestido, tinha dificuldades em articular o inglês e o português. Comunicava com dificuldade. As palavras enrolavam-se na língua. Por isso era discreto, não dava entrevistas. Vi um homem introvertido, distante. Levou-me a conhecer a exposição de porcelanas (lindíssimas) que tinha na quinta e que nas suas contas rondavam, à época, 6 milhões de contos. Disse-me logo não saber quanto dinheiro tinha no total. Só o queria para investir, disse-me. O comendador lá me deixou para ir receber os estudantes universitários (que tendo nota superior a 14 valores tinham direito a 6 contos mensais da sua fundação). Fiquei com a ideia de um homem recatado. De negócios. Num golpe de marketing o homem que não se deixava entrevistar não vira a cara às câmaras (suga-as), às declarações mais díspares. Tem-me feito pensar numas palavras que me disse Almeida Santos: "Qualquer um pode colocar-se em cima de um caixote na rua e dizer os maiores disparates. Estamos em Democracia". Aguardo as cenas dos próximas episódios.

Urbanismo (quase selvagem)

Rotunda do Infante, Funchal.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Para descansar


Chama-se Docas do Cavacas e é um sítio singular. Fica junto à conhecida Praia Formosa, no Funchal, a 10 minutos do centro. São duas piscinas naturais, muito concorridas, que também convidam a um mergulho no Atlântico. À volta existe um restaurante pitoresco e uma marisqueira badalada. Atravessando um pequeno túnel pedonal está-se na Praia Formosa, onde há também uma excelente esplanada de madeira. Um delite para a vista. Um descanso para a alma. Se lá forem não se esqueçam desta autêntica varanda à beira-mar.

PS: Onde está o melhor prego de Lisboa?

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Barbie

Os nossos media (lá volto a bater no ceguinho) brindam-nos hoje com notícias espantosas: para além do habitual "caso" BCP, importante, mas que começa a ser tratado na lateralidade, dão-nos novas sobre a morte de Diana, sobre a fantástica ideia do CDS, em colocar o Portas no Youtube, o deslumbramento de Margarida Vila Nova na cama... Um fartote! Tiro o chapéu ao Diário Económico, a melhor edição do dia. Agosto é sempre fraco em notícias, mas não existem ideias, projectos? Que é feito da presidência portuguesa da UE? Apenas constato a obsessão (uma vez mais) de quererem saber se o Mugabe cá vem ou não. É importante, mas não determinante.
Há uns anos atrás levantei o sobrolho quando o chefe de redação do DN Madeira me incumbiu de fazer um trabalho sobre a Barbie. Isso mesmo, a boneca. Para publicar numa edição de Natal. Quando me lancei à missão constatei a importância do tema. Pesquisei (não havia Google), fui às lojas saber quais os modelos preferidos, o nível de vendas, falei com educadores e psicólogos. Bem ou mal escrito, o trabalho da Barbie tinha um fio condutor, uma história que interessava a milhares de pais.
Na época de Verão, lembro-me de ter calcorreado freguesias do norte da ilha, onde fizemos reportagens com as forças vivas, sobre os costumes, que motivaram comunicados políticos de crítica.

Não entendo este medianismo.


PS: continuo à espera sugestões para o post anterior.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

O melhor prego de Lisboa, onde está?

Apesar de estar no «rectângulo» há mais de uma década, ainda, apesar de todos os esforços em vasculhar guias e sites, não encontrei um sítio em Lisboa em que façam um bom prego e já agora... um picado, isto é, "pica-pau". É que nem sempre há pachorra para "cerimónia" dos talheres, pratos e afins... E nestes dias sabe tão bem uma cerveja gelada com um prego. Aceito sugestões!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Espelho

Finais de Setembro ou inícios de Outubro. 1995. Campanha para as legislativas que consagraram Guterres. Fui a Aveiro entrevistar o cabeça-de-lista do PSD pelo distrito. José Pacheco Pereira. Era alguém que a classe jornalística não nutria especial simpatia, devido às posições públicas que tomava contra a profissão, utilizando ao mesmo tempo os jornais para difundir as suas análises e comentários. Na mente de todos nós ainda estava a famigerada proposta que fez ao Parlamento de vedar os Passos Perdidos aos jornalistas. Uma batalha em que ele não se saíu bem. JPP era um reconhecido intelectual, com obra publicada, mas era um homem distante, um quase "bicho" tímido, que resvalava alguma arrogância e que sabia "jogar" com a Imprensa que mais lhe interessava. Lembro-me de um colega do DN que trocava muitas palavras com ele. Mas essa era quase uma excepção. JPP era escorregadio. Julgo que, sem querer, considerava-nos, jornalistas, uma cambada de imbecis ignorantes. Malta que corria atrás de "sangue". Posso dizer que, nessa altura, ainda se fazia jornalismo a sério em muitas redacções. Mas JPP era crítico feroz, inteligente. Mas voltemos a Aveiro. O quartel general do PSD estava montado num hotel da cidade e eu, sempre muito certinho nos horários, lá apareci à hora marcada. Tive dificuldade em encontrar JPP, mas quando o abordei apercebi-me que ele já não queria dar a entrevista, que deveria ser publicada no DN Madeira. Em campanha dizer o que pensava (e pensa) sobre Jardim, não era o mais aconselhável. E eu tinha que focar essa questão, até porque, volta não volta, os dois trocavam "mimos". Sentei-me num corredor do hotel vendo JPP a passar apressadamente de um lado para o outro, sem me ligar nenhuma. Estava farto e quase a sair, mas...após uma última insistência ele, do alto da sua arrogância tímida disse-me o que eu odeio ouvir: "Então diga lá o que quer, mas tem de ser rápido". A entrevista foi a possível, sem questões sobre Jardim. Sensaborona. E ele da mesma forma que surgui, desapareceu sem sequer se despedir. Levantou-se e seguiu. Estive uns anos valentes que não o podia ver. Não o lia e só o ouvia quando havia tema interessante no "Flashback" (TSF/SIC). JPP também tinha um "comportamento" quando estava dentro do PSD (mais aparelhístico) que agora não tem. As suas teorias políticas são interessantes, mas ainda gostava de o ver de novo no activo. Seria interessante! (Vide entrevista hoje no Diário Económico).

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Os miseráveis

Agosto é, por norma, um mês calmo, de férias. Eu gosto de trabalhar em Agosto, mas conheço muita gente que não prescinde do oitavo mês do ano. O que tenho vindo a constatar é a euforia com muita gente vai de férias. Em vez de se dedicarem à leitura, a umas braçadas no mar ou às actividades que mais gostam, vincunlam-se ao... trabalho. E é tão engraçado ver essa malta, que muitas das vezes, não passa de simples "presidente de junta", com o computador portátil, com o telemóvel, perdão, BlackBerry. E, quais insubstituíveis, atendem as chamadas, respondem às sms, aos e-mails... às solicitações do patrão/chefe, na praia, na piscina. Considero-os, salvo raras excepções de determinadas profissões, os MISERÁVEIS dos nossos dias. Esta pseudo-elite, "novos ricos" e afins que, como se diz na minha terra, "basta terem a chave da casa-de-banho para se julgarem mportantes" não têm mais que fazer na vida? Mascaram, muitas vezes e com estes comportamentos, carências afectivas graves, traumas, inseguranças. Uma nova moda, esta! Para dar muito trabalhinho aos "psi".

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Tudo bem...(2)

Até agora e a ver, só vêm boas notícias da Câmara Municipal de Lisboa, liderada por António Costa. A isto se chama ter boa imprensa. Manchetes não lhe têm faltado. Favoráveis, acrescente-se. Onde estão os "zés"?

Tudo bem...

Agosto. Mês de férias. Pouco calor. Poucos fogos. Notícias....nada! Grande Imprensa, a nossa. Ao ler a entrevista de Mário Crespo ao DN de hoje, consolidei a ideia que tenho do jornalismo actual: pobre, fraco em iniciativas, acomodado. O homem diz uns nomes que o tentaram tramar, fala dos maus assessores. E daí? Que diz MC de novo, de pedagógico? Zero! Se bem me lembro foi este o sr. que queria, alegadamente, dinheiro para escrever (esporadicamente) uma coluna num semanário muito pequenino. Interessante! Quando chegamos à época em que o jornal de "grande expressão traz como manchete um tema estafato semanas anteriores por quase todos os jornais..."

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Inveja - arte suprema

Tão ao jeitinho português, a inveja some e segue. É, decerto, o pior defeito deste povo. Sempre me disseram quando era pequenino: cuidado com o olhar dos outros, podem ter inveja. Recomendavam-me até uma "cruzinha de alecrim" para afastar o "mau olhado". Era assim, na Madeira da minha pequenez! Constato que, neste campo continuamos iguais. É o colega, o vizinho e, pasme-se, até o amigo. Ficam invejosos com o sucesso dos outros, com as ideias, com as iniciativas, com o ordenado. Desgraçado país. A inveja corroi. E é pecado, nesta nação católica. Lembro-me, de numa entrevista à VISÃO, um português radicado nos EUA dizer mais ou menos isto: «Em Portugal se eu passar com este carro (topo de gama) todos me olham de lado, com inveja. Aqui (nos EUA) pensam: ainda, um dia, hei-de ter carro igual». Eis a diferença!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Something

Ao som de Sinatra - Something - cada som perfeitamente interpretado. O homem podia ser irascível, mas tem o dom de nos remeter - os apreciadores - para o limbo. O Sol, Sinatra, fim de tarde, luz, brilho. Uma esplanada, pode ser a do hotel do Chiado e a minha companhia... sempre leal, sempre presente. Tão bela.

Pobre país

Provavelmente como a maioria das pessoas gosto de passar o período de férias junto ao mar. Tranquiliza-me o dolce fare niente, o "preguiçar" junto à água, esparramar-me no oceano, dormitar com uma revista. O calor excessivo incomoda-me, mas tolero-o com a brisa do mar. Provavelmente coisas de ilhéu, que não se habitua em viver muito longe da água...
No "rectângulo", apenas gosto de praia no Algarve (nalgumas zonas menos estafadas). As teorias dos bons areais a norte, dos benefícios do íodo, etc. não me convencem. A água é gelada, o vento, quase sempre presente, desconfortável... Pronto, sou comodista. Em recente incursão por algumas praias da Costa fiquei desagradado. Areais extensos, maltratados, ventosos, pouco acarinhados. Os serviços de apoio (?) são tão pobres, tão "tascas ranhosas" que demoveram-me de pedir uns petiscos. A nossa costa está rasca. Alguém me recomenda uma boa esplanada (ou restaurante) à beira-mar na zona de Lisboa e arredores? Eu não conheço. Os comerciantes preferem manter as velhas barracas a apresentar um serviço competente, higiénico e sério no preço. Um filme de terror que mostra outra faceta pobre do nosso país. A falta de empreendorismo, a aposta na qualidade. Minha querida praia Formosa (com o seu calhau) meu querido Lido, Ponta Gorda... E as lapas? E o bolo do caco com manteiga de alho? E a imperial com um "dentinho"?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Sábado - uma desilusão

Há já muito tempo que não sinto aquela vontade de chegar a quinta-feira para ter a VISÃO e a SÁBADO em cima da secretária. Falarei, agora, apenas da segunda. Uma desilusão que se vem a arrastar. O número de hoje é de uma pobreza tal, que quase todos os temas, ficariam melhor na Nova Gente. Falam de montes e hóteis no Alentejo. Os mesmos de todas as revistas, onde se alugam quartos aos módicos preços de 170€/noite, isto é, acessível, à maioria da bolsa dos portugueses. (Os tais que recebem jornalistas em troca de publicidade...). Há uma entrevista ao Spielberg, publicada na Rolling Stone de Maio (?), uma entrevista de vida ao António Calvário, um questionário ao Hélder Amaral (sabem quem é, o que faz?) e para finalizar uma novidade: a SÁBADO acompanhou os úlimos dias da vida de Elvis. Um mimo. Continuem...

Nostalgia?


Este é um blogue de coisas mais ou menos íntimas, apesar de me fugir o dedo para os factos da actualidade. Recebi um e-mail de uma amiga da Madeira (ex-colega no DN) que me questionava se não estava, ao escrever sobre factos passados, nostálgico? Saudoso? Apeteceu-me revisitar arquivos da minha menória. Foram oito anos de jornalismo muito activo, dois dos quais numa terra "quente" em notícia, como é a Madeira. Deu-me imenso gozo e, volta não volta, exercito a cabeça e debito para aqui umas histórias que, provavelmente, só têm piada para mim. Não escrevo por vaidade. Gosto! A "ilha" é um território especial, sui generis, em que, quer se queira ou não, o principal tema de conversa é o Alberto João. Em especial no mundo dos jornais. Ele domina, ele dá as notícias, ela faz a festa. E há também o lado contrário. Menos bom. Apanhei-o, algumas vezes emotivo. A terra está-lhe no sangue e eu, caloiro, quis fazer um trabalho, em 1993, para a Revista sobre o "Outro lado das inaugurações". Questionei-o numa tasca, julgo que no Curral das Freiras, sobre o que sentia ao ver ali, aquela gente de fato domingueiro, a elogiarem a obra, a perguntarem pela mulher, pelos filhos... As lágrimas surgiram contidas. Sugeri a continuação da conversa para outra inauguração - havia duas por dia, por norma a anteceder eleições.

É por isso que quando vejo tanto palpite sobre a Madeira e o seu líder, penso para mim: estes tipos ainda não perceberam nada. O "cheiro a pólvora", como AJJ diz, excita-o!

Contador

Hit Counters