segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Obsessão

O PÚBLICO tem um problema a resolver com Jardim. Apenas com ele, não com a Madeira. Disse-me o próprio, em 1993, levava já 15 anos de poder, que o correspondente do jornal na Região «dormia e levantava-se com ele (Jardim)» desde a sua tomada de posse, em 1978. Tem razão. Tudo o que sai da Madeira tem um objectivo: achincalhar o presidente do GR. Os temas são discutíveis, as fotos contemplam sempre Jardim, com um ar banzado. Hoje o jornal brinda-nos com os "negócios das areias" nas praias da Madeira, vindas de Marrocos. Tema esgotado no Diário de Notícias da Madeira, mas repescado pelo PÚBLICO. Por mais razão que tenha, acaba por a perder. Os pormenores irritam no repórter reincidente: tudo é negativo, tudo se escreve com minusculas. A sua obsessão chega a enervar, por enfado e falta de imaginação. Haja paciência.
(Declaração de interesses: fui o único jornalista que conseguiu o feito de unir toda a oposição da Madeira e ser recebida pelo então PR, Mário Soares, para denunciar factos concretos de défice democrático na Região).

Paul Newman


«Digo a Lobo Antunes que Paul Newman morreu enquanto nós dormíamos(...) Na verdade soube da notícia porque me telefonaram do PÚBLICO a adiar as páginas. Silêncio.
- Não imagina o desgosto que me dá, Rui. Era um homem admirável e uma óptima pessoa. O Elia Kazan dizia que as pessoas nunca perceberam como era bom actor, por ser tão bonito.» - Diálogo entre Rui Cardoso Martins e António Lobo Antunes, em Nova Iorque, PÚBLICO de 29 de Setembro de 2009. (Eu gosto de Newman, mas não me atrevi a "postar" o que quer que fosse. Lobo Antunes, como sempre, precisou de um instante. Genial.)

Que verdade?

Marques Mendes, ex-ministro de Cavaco Silva, que comandava o alinhamento do telejornal a partir da bancada do governo no Parlamento voltou em grande à ribalta. Escreveu um livro, deu entrevistas, posou para os fotógrafos, debitou frases para ser citado. Tudo em dois dias. Mendes tem imprensa amiga. Basta uma chamadinha e...já está. Mas o que é que o homem disse de tão transcendente? Nada. A diferença entre Mendes e Ferreira Leite é que o primeiro goza de simpatia nos media, afaga-os. A segunda afasta-os. Já ninguém se lembra que este carreirista político esteve no comando do PSD? Que quer ele agora? Vagas de fundo? Ainda alinhamos nesse diapasão? À falta de melhor, a imprensa vai comprando...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

E a culpa é do...Magalhães


Momento alto na noite informativa da SIC-N. 22H. Abertura do noticiário. Ana Lourenço lança o tema, Joana Latino descreve, explica, anota, exagera. O "Magalhães", o computador português é distribuido por um José Sócrates orgulhoso com uma geração que "entrará no mercado de trabalho a saber usar as novas tecnologias e a falar inglês". O primeiro-ministro exulta ao tutano as potencialidades da máquina. Enquanto os meninos contemplam a nova aquisição, Joana Latino dispara: afinal o "Magalhães" não é seguro para as pobres crianças. Dos três - atenção a este pormenor - três computadores testados pela jornalista no local nenhum barrou sites indesejados. Pim! Estava ali a notícia: o filha da mãe do "Magalhães" é nocivo para os meninos! Basta entrar no Google e escrever "gata". (Joana continuou o seu orgasmo informativo). Outro pormenor: palavra "gata" e, pim(!) são só meninas com as coxas de fora. Estava ali a notícia e Joana agarrou-a. E questionou José Sócrates, visivelmente atónito pela obsessão da repórter. E voltou a questionar. Teimosa esta Joana. A notícia ia longa e o pobre "Magalhães" já era um bandido para as inofensivas crianças. Mesmo a sorrir elas nem sabiam o que as esperava no Google + palavra "gata". Será que Joana vai -lhes prestar esse grande serviço, público, por sinal? Este post vai longo. Tão longo como o aborrecimento que esta jornalista causou com uma peça tão infantil, tão perversa, tão manchadinha de sangue. Rigorosamente a evitar!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sem saída

Pedro Santana Lopes deverá ser o candidato do PSD à Câmara de Lisboa. De novo, esforçadamente. Disse-me, por mais de uma vez, um director municipal que com ele tinha de ir a despacho, que o ex-quase tudo é de uma instabilidade alarmante. Desde a desmarcar sucessivas reuniões a abandonar abruptamente encontros, Santana Lopes foi um vendaval que passou por Lisboa. Efectivamente é um político que não consegue viver sem a política, nem sem o ordenado que ela lhe dá, leia-se.

A inveja

Dizem que é um dos sete pecados mortais. Uma colega decidiu bater hoje à minha porta para espantar os males da alma. Porque um colega não lhe elogia o trabalho. Porque não mostra entusiasmo pelo trabalho desenvolvido pelo grupo. Porque a desmotiva. Porque - no fundo - quer é ganhar mais do que ela. Porque - registe-se - quer ser chefe do departamento. A colega, que eu conheço do elevador, da entrada e da saída, estava revoltada e convocou-me para o seu pranto. Nada de novo, pensei e disse-lhe. No fundo este país não avança também devido à inveja. Ninguém ou quase ninguém quer ganhar, em campo aberto, o lugar do parceiro, o seu sucesso, a sua alegria, a sua auto-estima. Esperam, quais raposas matreiras, para derrubar o que mexe. Os métodos pouco importam. Ninguém pensa, antes: vou aos antípodas para conquistar um lugar que até merece ser meu. Faz-me lembrar aquela do emigrante português a viver nos EUA e com um carro de alta cilindrada à porta, que se recusava a trazer para a terra natal. Porquê? Porque em Portugal poucos se importariam em lutar por um carro igual, antes indagariam: como conseguiu ele aquela bomba? É esta a diferença.

Sem paciência

Já aqui afirmei que não nutro especial simpatia por Mário Soares. No meu desempenho profissional cruzei-me com ele - talvez - quatro vezes. Deixou-me a impressão de uma pessoa astuta, fria, impaciente. Não renego o seu papel na história recente, mas julgo que a Nação já lhe pagou tudo. Mas o homem continua a "cavalgar a onda", sob os holofotes de uma comunicação social dócil e atenta a todos os caracteres que debita do alto dos seus 83 anos. Num colóquio promovido em Lisboa, hoje, sobre o futuro da Europa, Soares volta a bater impiedosamente nos EUA e em Bush. Na relação com os EUA continuamos a ser subservientes, sem voz própria, é verdade. As querelas internas, as divergências não deixam que a Europa saia do caldo de matriz norte-americano, mas temos de recohecer que a América é uma nação livre e que o Mundo lhe deve também alguma coisa. Mário Soares até poderia ter alguma razão e tirava-lhe o chapéu se fosse coerente. Não o é. Quando se senta à mesa ou entrevista Hugo Chávez, Soares trai uma das suas principais bandeiras: a liberdade. A partir daí merece-me pouco crédito. Infelizmente.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O papão comunista (II)

Na Madeira, região autónoma governada pelo PSD (partido de direita), o preço dos combustíveis são fixados administrativamente pelo governo regional. As consultas médicas no privado têm um limite fixado pelo GR. As escolas públicas dão comida aos seus alunos e aderiram, recentemente, a um plano alimentar traçado por nutricionistas. A habitação social tem qualidade, na sua grande maioria. O presidente do GR (?!) bate que nem um perdido no Código do Trabalho aprovado pelo PS nacional na AR, porque não defende os trabalhadores. Não vos vou maçar com mais detalhes. E acreditem que não sou pró-Jardim. Apenas se demonstra porque o PSD/M tem a percentagem de votos na Madeira e o Partido Comunista não passa de uma anedota sem expressão. É que lá o PC não é muito preciso...

O papão comunista


Muitos se têm interrogado sobre o motivo do secretário-geral do PCP ter tanta popularidade? A subida da esquerda a este PS light é fácil de explicar. Para mim, pelo menos. As teorias de mercado livre e auto-regulador são óptimas para países desenvolvidos e com poder de compra. Portugal está nos antípodas. Está débil como sempre, ao sabor das economias internacionais, sem indústria e sem produção própria. Nestas situações o povo agradece regulação e da forte. Querem, legitimamente, saúde comparticipada, educação paga e de qualidade, ajudas à compra de casa e ao arrendamento, gasolina taxada administrativamente pelo Governo. Isto é, Estado previdência. Não vamos muito longe: apenas até à Madeira, onde manda o "esquerdista" Jardim. Afinal, não é isso que a cassete comunista se farta de tocar? Qual é a admiração?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Casamentos gay

Não me incomoda minimamente a possibilidade dos homossexuais se casarem. Numa sociedade moderna e em constante mudança, é natural que tudo evolua. O casamento é um contrato. Os conceitos estáticos são próprios de estados ditatoriais e de burgos retrógrados. As crenças salazaristas, baseadas no medo, na "ética" e na religiosidade imposta pelo regime ainda se faz sentir e há ainda muitos que sofrem a sério por "dores de consciência", por pecados que julgam ter cometido, à luz desses pergaminhos. Julgo que tanto José Sócrates como a cúpula do PS não têm muitas dúvidas quanto a isto. Não querem é arriscar uma guerra com a Igreja, com o PSD, com Cavaco e com outros interesses instalados, em vésperas de eleições.

Regresso à choldra

O panorama televisivo português afunda-se a toda a velocidade. Ficar um serão em frente ao pequeno ecrã, sem uma selecção prévia de DVD, é uma autêntica viagem ao que de pior se fez, algum dia, na televisão. A líder TVI é só novelas (nada de novo, portanto), a RTP nem é "carne nem é peixe", com o estafado Malato e as suas tiradas medíocres sobre qualquer coisa (mas vá lá, mais do mesmo). Agora a SIC, é de fugir. Apresentar, em horário nobre, o temerário "Momento da Verdade" é passar um atestado muito infeliz a este país deprimido. Tudo naquele programa é mau de mais: a apresentadora, os concorrentes, os temas de fundo, o suspense. Voltem ao Chuva de Estrelas, à Praça Pública, ao Ponto de Encontro... mas tirem esse produto nojento do ar.
PS: Herman José voltou com a "sua" Roda da Sorte. Nota positiva para um concurso rasca mas com o maior humorista.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Exótico, diz ele

Quem só conhecer apenas o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, das televisões, fica com uma imagem de um homem cinzento, de um político que cultiva um low profile exagerado. Para as funções, para um primeiro-ministro, Amado é a pessoa desejada. Como artista que é (adora esculpir), tem uma forma desprendida de estar na vida, do dinheiro, do material. Luís Amado é um bom pensador, gerador de ideias, um homem de consensos. Já não é tão bom a executar e isso é-lhe traiçoeiro quando lhe apontam um microfone. Que pode ele, enquanto ministro, dizer do inenarrável Hugo Chávez e da sua desabrida forma de estar no poder? Que ele é "exótico"? Não me parece uma expressão feliz, mas foi a que Amado utilizou quando confrontado com as declarações do presidente da Venezuela sobre os EUA e a tensão vivida na Bolívia? Com uma comunidade poderosa de portugueses, a Venezuela conta no xadrez europeu e conta muito para Portugal. Dizer que Chávez usa "exotismo" nas suas agressões verbais é quase um elogio, mas que poderá dizer mais Luís Amado, em consciência e públicamente?

domingo, 14 de setembro de 2008

O início do caos

Um médico militar dentista (ao que parece estomatologista, que é uma especialidade médica) reformada prestou serviço de urgência no centro de saúde de Odemira. Em causa não estão as competências do clínico que, provavelmente, passou a sua vida a ver bocas, mas o início do caos que se está a instalar no sector da saúde. Ainda por cima quando nos privados os clínicos gerais de serviço nocturno não tem meios auxiliares de diagnóstico à mão e, muitos deles, não têm formação em suporte básico de vida. Complicado. Actuarão quando começar a ver "bernarda" da grossa e os elos corporativistas dos médicos a se rompenrem?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cavaco diz "presente"

Alto e pára o baile. Aníbal António Cavaco Silva não é "menino de brincos". Estudioso, rigoroso, meticuloso, observador, o Presidente da República dá hoje uma entrevista (?) ao Público, para falar da devolução do diploma que altera o Estatuto dos Açores ao Parlamento e das razões da sua comunicação (difusa) ao país, a 31 de Julho passado. Cavaco confiou no director do jornal para pôr preto no branco o que muitos estão a tentar alimentar: um diferendo grave entre Belém e Governo. O Presidente pondera cada palavra, cada olhar, cada letra. Não sei em que circunstâncias o Público falou com ele, o que é mau, sobretudo para a comunicação social. Mas vamos ao que interessa. Cavaco Silva dá uma reprimenda aos deputados e a responsáveis "políticos" com quem falou da sua discordância sobre a alteração dos poderes presidenciais. Alerta ainda Alberto João Jardim (está tão clarinho no texto) que não vale a pena berrar porque alterações ao Estatudo da Madeira serão vistas à lupa. Sobre o Governo, nem uma palavra. Cavaco usou o Público como "pombo correio". Isto só prova que o professor é um polítco refinado, que nada tem a haver com o indeciso Sampaio ou com monarca Soares. Desengane-se quem pensa que Belém vai precipitar a saída do PS do poder. E Sócrates sabe disso. Manuela Ferreira Leite, também.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Contradição?

O registo é, passados 16 anos, um pouco mais calmo. A ironia é a mesma. Mão amiga quis avivar-me a memória. Reafirmo: Jaime Gama sabe o que diz e fá-lo com mestria, hipocrisia, humor e ironia. Para relembrar.

11/9


Fui almoçar como noutro dia qualquer. A uma pizzeria, para os lados de Alcântara. Vi as "primeiras" dos jornais das 13h e - nada de novo - fiz-me ao caminho. Quando regressei, alarido geral. Ligo a tv e vejo na RTP2 o que só a 7.ª arte me tinha mostrado. A queda de um arranha-céus, em Nova Iorque. O resto já conhecemos: a guerra no Afeganistão, no Iraque, a fúria atabalhoada de Bush e um mundo mais pobre, mais inseguro, mas desigual. Passaram 7 anos...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O valor das reformas

A comunicação social ouvida e escrita dá, hoje, destaque ao facto de haver mais 16 reformas públicas acima dos 4 mil euros. Está no Diário da República o nome dos "felizes contemplados". Não percebo o alarido público da "bem intencionada" comunicação social. Qual o mal dos montantes? Porque é que, antes, não questionam, nem contabilizam o número de portugueses que são aposentados com 400, 500 e 600 euros? Isso, sim, para mim é notícia. E má, como gostam tanto os nossos jornalistas.

domingo, 7 de setembro de 2008

Assim não, Manuela (II)


Manuela Ferreira Leite persiste num erro clamoroso, comunicacional. Não preenche o vazio existente à direita do PS. Esteve cerca de 40 dias em silêncio. Gerio-o bem, mas que vantagem teve? Nenhuma! O partido está fragmentado, a líder não consegue unir os "grandes" à sua volta e deita borda-fora oportunidades únicas para marcar terreno face a um governo que continua a governar mal em muitos campos. Todos sabemos que a sra. é séria, que não quer ser "actriz" principal nos telejornais, nem capa nos jornais, mas está a forçar o PSD a um caminho obscuro. O seu método - até ver e poderá ser tarde - não é muito feliz. Em comunicação importa falar, importa aparecer. Não para comentar, nem, apenas, diagnosticar. Importa dizer o que deveria ser feito caso o PSD estivesse no poder. Nem Marcelo Rebelo de Sousa, no retorno aos "diálogos dominicais" conseguiu fazer passar a ideia de que Manuela regressou em grande. Disse-o mas foi pouco convicente... Perante os dados não poderia afirmar outra coisa. Sócrates vai aproveitando. A máquina socialista, ao contrário do que muitos pensam, está oleada. Ao contrário da do PSD.


P.S.: O camarada Jerónimo fez melhor na Festa do Avante e não esteve calado este tempo todo. Será que o PCP ó obstinado pelas manchetes? Só mais uma nota: o horror a câmaras de Ferreira Leite é de tal ordem que no site oficial do PSD as fotos do(?) líder pertencem a Luís Filipe Menezes, o probre homem de Gaia.

Assim não, Manuela

A quente e apenas através da peça da RTP, a aguardada intervenção de Manuela Ferreira Leite, na rentrée do PSD não trouxe novidades. Mais do mesmo. Diagnóstico acertado sobre o estado do país, da economia, do sentimento de insegurança. Enfim, surfgiu uma líder cansada, a ler penosamente um conjunto de folhas. Manuela sabe do que fala mas não imprime força ao seu discurso. Torna-se enfadada. Falta-lhe rasgo, garra. Diagnósticos todos nós fazemos. A receita para mudar, essa é mais complicada. Assim, não!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O exagero da comunicação social

Gostei de ver o especial da SIC, ontem às 23H. Clara de Sousa, a de sempre, moderou um debate sobre a insegurança que os portugueses têm sentido nos últimos tempos. A criminalidade tem aumentado, a espectaculariedade dos assaltos tem vindo a refinar-se. Portugal abandonou o chavão de país sereno. É um local perigoso, de bandidos... Exagero, apesar de merecer reflexão. A comunicação social, sempre a cavalgar a onda das audiências, apruma-se e carrega no acelerador. A médica Teresa Paiva foi promovida a comentadora criminal e está em todo o lado. Depois, os de sempre: o pachorrento Moita Flores, o psiquiatra Gameiro e o mediático advogado Rogério Alves (o João Nabais já não está na moda). E, para mal de Clara de Sousa, lá foram concluindo que estamos num "Estado Democrático", que se quer "policiado" mas não "policial". Gostei do trocadilho. Gostei também da irritação da jornalista-vedeta por os presentes sublinharem que, afinal, o crime existe há muito tempo. E do violento. Tem é sido ampliado pelos media, desde o caso do BES de Campolide. Teresa Paiva, confortavelmente sentada na poltrona da sua sala, abanou com a cabeça... Mas afinal, que disseram de novo?

Nada de novo

Passar três semanas sem ler jornais é um excelente exercício de relaxamento. Sosseguem os mais intranquilos: retomado o trabalho de olhar de novo para as televisões, folhear jornais e ouvir rádio, fico com a sensação que não perdi nada. Zero de novidades neste Portugalzinho. Continua mesquinho, saltitante à volta dos temas de sempre: Ferreira Leite (que chata) não fala, Sócrates gere o seu tempo, a oposição pede a cabeça do ministro da Administração Interna, não por causa dos fogos de Verão, mas devido à onda de assaltos que já nos afligem há muito, mas que só agora (com a silly season) ganharam visibilidade galopante prioritária. Os temas fracturantes passam ao lado, aguardam, sem pressas. A Educação, a Saúde, o emprego (falta dele) ficam no marasmo e o ministro do Negócios Estrangeiros, o afável Luís Amado sela, com beijinhos a Condoleezza Rice, o apoio luso aos Estados Unidos a tudo o que se passa no Mundo, mesmo não se ouvindo uma única palavra sobre Angola...num dia (hoje) em que a Secretária de Estado está em Portugal. Paradigmático, pantonoso e melancólico. É este o Portugal adiado, atroz, com falta de oportunidades, que continuou enquanto eu dei folga às notícias. Poderia continuar...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Angola "livre e justa"

Será que alguém acredita que as próximas eleições em Angola serão "livres e justas"? Cavaco Silva deseja que sim, desde a Polónia. Sócrates, amarrado aos interesses (legítimos) e à habitual vassalagem que os governantes portugueses prestam a José Eduardo dos Santos, também acredita. Resta perguntar: acreditarão Cavaco e Sócrates no Pai Natal? Ou fazem-nos de parvos? Interesses económicos sim, vénias estratégicas, não. Para começar, o Futungo de Belas não autoriza SIC, Expresso, Visão e Público de entrarem no país. É preciso mais?

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Excluídos

Prometi a mim mesmo não regressar, de férias, a Espanha. A comida é má, os serviços hoteleiros medíocres e a população pouco afável. Voltei. Gostei do sítio, mas não gostei das pessoas, da comida, dos serviços, da companhia aérea (Ibéria). E ficava irritado sempre que abria um menu qualquer e constatava que a língua portuguesa não estava lá. Inglês, francês, alemão, russo e castelhano. E nós? Pesamos pouco e não fazemos nada para mudar. Não poderiam as nossas embaixadas, cônsules, chanceleres e todo o séquito que nos "representa" além fronteiras fazer alguma coisinha? Assim é complicado e confrontamo-nos com a nossa imensa pequenez a cada dia que passa. Ainda por cima de férias.

Fumaça

Saramago disse há dias que em Portugal é tudo muito "fogo de palha": tudo começa com uma força dos diabos, mas depois é só fumaça, negra. A palha quando arde é assim. E nós somos parecidos com ela. Com a palha. Para mal de nós. Nunca Saramago teve tanta razão!

Medíocres. (ponto)

Andei alheado dos jornais nos últimos 15 dias. Apenas uma olhadela pelo Público no primeiro dia de férias. Reti-me nuns artigos sobre os Jogos Olímpicos. No meio de estatísticas que se fazem por tudo e por nada lá se concluia que a participação nacional em Pequim tinha sido "positiva". Fiquei pasmado: afinal Portugal até ganhou! A malta gostou do ouro e da prata. Olhando para as mesmas estatísticas ficámos vi que ficamos atrás de países muito menos desenvolvidos. Para que conste a nossa passagem por Pequim foi MEDÍOCRE, rasca e penosa. Somos mesmo mauzinhos e ponto final. Não se aposta em nada nesta treta de país e depois culpa-se os atletas por afirmações infelizes, culpa-se as condições climatéricas, blá, blá, blá. A malta é fraquinha. Depois afunda-se em lamentações estúpidas, o que é ainda mais deplorável.

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