sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A banqueta de Sócrates

Deliciei-me ontem a ouvir, na rádio, José Sócrates a fazer a apologia do "Magalhães". Sério. O nosso primeiro-ministro divulgou, num rasgo de marketing irrepreensível, as maravilhas das tecnologias nacionais aos chefes de Estado e de Governo, na cimeira Ibero-Americana, em El Salvador. Como responsável político ficou-lhe bem o rasgo. Três notas apenas que mancharam a pintura: 1.ª) Sócrates disse que o "Magalhães" estava em cima das «banquetas» dos governantes. "Banqueta" é um banco pequeno sem encosto. Não consta que tão altos dignatários estivessem nessa situação. 2.ª) Utilizou Hugo Chávez para demonstrar a resistência do mini-computador. Não o deveria ter feito. O presidente da Venezuela atirou, na sua "missa dominical" o aparelho ao chão. Um chefe de Estado de uma democracia não deve ter programas na televisão. 3.ª) Sócrates engasgou-se ao dizer que o "Magalhães" tinha sido oferecido às comitivas na cimeira de El Salvador, para emendar que, afina,l só os chefes de Estado e de Governo é que receberam o "rebuçado". Está mal. Se há quem trabalhe para as cimeiras são os assessores. Por isso a prenda deveria ter sido para eles e não para os superiores hierárquicos. Muitos deles nem sabem o que é um e-mail. É assim que fala o nosso primeiro, em plena crise financeira. Fiquei impressionado.

O corporativismo do sr. general


Ontem, quando ia para casa, parei ao lado de um automóvel no semáforo. Um automóvel civil, com dois militares no interior. O soldado ao volante, com ar enfadonho, banco descaído quase até ao porta-bagagem e o superior a trás, refastelado no banco e apenas com a cabeça (careca) visível do exterior. Eram 19 horas e a TSF lançou o ar grave do general Loureiro dos Santos, militar respeitado, especialista em geoestratégica, voz ouvida nos media, ex-chefe de estado maior do Exército e autor de diversas obras. Disse ele que é preciso levar a sério as reivindicações dos militares, os seus sentimentos, porque há muitos que estão desiludidos com o Governo (por lhes ter sido cortadas várias tetas onde estavam habituados a mamar, digo eu). Continuava Loureiro dos Santos que a revolução de Abril foi difícil e que o 25 de Novembro também. Sinceramente não entendo nem compreendo o que quer dizer esta chefia militar na reserva, portanto "à civil". Só me apeteceu saltar do carro e despejar aquela patente castrense que estava a meu lado, no semáforo, espojada, a ser conduzida por um mancebo, num carro movido por mim e por todos os que não têm o direito de ser conduzidos. Já agora o que diz o regulamento de disciplina militar sobre as declarações do sr. general? É que a liberdade de expressão foi uma conquista de Abril, mas incitamentos a eventuais insubordinações militares, não.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Puro veneno

Questiono-me sobre o que leva jornais tão independentes, sérios e imparciais a criarem páginas próprias, nas suas edições semanais, sobre advogados. Não sobre Justiça. Eles aterram, semanalmente, na minha mesa e eu pergunto-me sempre: quem paga esta propaganda? E porque não uma página sobre veterinários, palhaços, trolhas, zoólogos...

Pedrada no charco


O DN Madeira de hoje publica uma história deliciosa (mais uma) protagonizada por Alberto João. Na inauguração do Centro de Apoio Psicopedagógico das Terças, na Ponta do Sol, o presidente do governo não foi de modas: deu um raspanete aos presentes por o terem forçado a ouvir "A Portuguesa", antes de discursar. Em plena crise financeira e política (sim, a que está a ser alimentada pelo governo central e Cavaco, à volta dos Açores), Alberto João disparou: hino nacional só quando o Presidente da República está presente. ("É o que diz a lei"). Como na Madeira cumpre-se a lei, nada de música alheia aos ouvidos de quem não merece, não vá Cavaco, tão cioso em preservar os poderes presidenciais, que obviamente lhe conferem o direito inalianável de ser o único titular de um órgão de soberania para quem se deve tocar o hino nacional, se sentir ofendido. Na Madeira, "o bailinho" é outro.

Big brother

Oportuníssima opinião do juíz desembargador Rui Rangel. Deveria ser emoldurado em todas as secções do Estado e das empresas.

Direito à privacidade
É arrepiante ouvir dizer, com grande serenidade, que a Inspecção das Finanças deste País democrático, leu e-mails de centenas de funcionários, sem o consentimento destes, só para averiguar eventuais fugas de informação. E tudo fez sem qualquer consequência.
George Orwell preconizou, em 1984, um Mundo em que a democracia desaparecia, dando lugar a um governo totalitário que controlava a vida dos cidadãos, através de câmaras de televisão omnipresentes. Hoje em dia, uma das grandes preocupações é a invasão indiscriminada da priva-cidade. Neste admirável Mundo novo, o direito à privacidade não pode ser, cada vez mais, uma mera quimera em que a individualidade é devassada com um toque de tecla. A Inspecção das Finanças reduziu a privacidade dos seus funcionários a um código de barras, pondo em causa a sua dignidade e individualidade. Só os Estados totalitários recusam o direito à privacidade porque convivem mal com a dignidade da pessoa humana.
Diz a Lei, nos arts. 80º do Código Civil e 26º da Constituição, que todos devem guardar dever de reserva quanto à intimidade da vida privada. O carácter universal destes direitos vincula todas as entidades públicas e privadas que estão sujeitas a critérios de ponderação proporcional e de concordância prática, em caso de conflito, com outros direitos fundamentais. São direitos jurídico-constitucionalmente protegidos. Não podem ser violados de forma gratuita, nem escancarados para averiguar fugas de informação. Os e-mails dos funcionários das Finanças só poderiam ser abertos e lidos de duas maneiras: por via de um inquérito e através de prévia autorização judicial, como sucede nas escutas telefónicas, ou através de autorização do lesado que prescinda desse direito e que consinta essa invasão.
Esteoráculodequese serviu a Inspecção das Finanças espelha a tendência cada vez maior de os Governos, em nome de qualquer coisa,arranjaremmeios (i)legais para invadirem a privacidade do cidadão. A devassa da privacidade destes funcionários,queficaram ética e moralmente despidos, além de ser intimidatória, não respeitou a Lei nem se preocupou com as regras de ponderação proporcional e de concordância prática, face à ofensa generalizada que foi cometida aos seus direitos, liberdades e garantias.
De facto as nossas vidas (virtuais) estão ao sabor de um qualquer clique. A mesquinhez do argumento, para a devassa e o abuso cometido, exige uma investigação para que a Inspecção das Finanças aprenda a lição.
Rui Rangel, in Correio da Manhã de 2008/10/29

Ser mauzinho

Maria Filomena Mónica é uma académica respeitada. Uma voz ouvida. Gosto da sua frontalidade (em tanto do seu pessimismo militante). Em entrevista apaixonada à VISÃO a autora refere que em Portugal "há para aí três pessoas cultas". Até concordo com a "força de expressão". Pergunta que o jornalista deveria ter feito e não fez: - "Considera-se uma dessas pessoas"? "E António Barreto está na lista"? "Já agora Vasco Pulido Valente"? Sei que estou a ser mesquinha, mas se fosse eu garanto que perguntava. É que a nossa imprensa estão tão light, tão bem comportadinha, tão políticamente correcta, que parece que está a sempre a desenvolver constantes favores. Alegadamente, sublinhe-se.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Amorfa

Ontem o jornal PÚBLICO trazia uma manchete que nos deveria preocupar a todos. À imprensa em particular. Soubemos que milhares de caixas de correio electrónico foram abertas pela Inspecção Geral de Finanças com o intuito de "caçar" mensagens dos funcionários do Fisco para os media, sob a desforra esfarrapada de que o segredo fiscal poderia estar a ser violado. Hoje nenhum órgão de comunicação social escrito abordou o tema. Provavelmente porque na cabeça dos respectivos directores a "história está morta". Não está e é suficientemente grave que ninguém faça nada. Não ouvi um único comentário. O amorfismo acomodado da imprensa portuguesa começa a ser preocupante.

Devassa pidesca


A imprensa tem noticiado a biografia do PIDE Fernando Gouveia, da autoria de Irene Pimentel. O homem era refinado na caça aos comunas. Privilegiava a investigação, o estudo e, claro está, cumpria a cartilha da tortura às suas presas. No tempo do "Deus, Pátria e Família", dos bons costumes, da vénia a Salazar, Gouveia rompeu, à calada, com os cânones, ao coleccionar sete filhos de quatro mulheres diferentes. Uns não sabiam da existência de outros. O PIDE não brincava em serviço e ocultou a sua própria realidade até à morte, já na década de 1990. Soube hoje que, no Fisco, milhares de emails foram devassados por ordens do ex-justiçeiro-mor Paulo Macedo. Motivo: eventual passagem de notícias para a comunicação social. Isto é mesmo verdade, em pleno século XXI? Afinal em que tempo estamos: dos controleiros e bufos, ainda? Têm, afinal, medo de quê?

Bimba

O programa da RTP Prós e Contras perdeu o seu brilho inicial. Há pouco constatei que o debate gira à volta da crise imobiliária. Vejo o delfim Carlos Costa Pina, secretário de Estado do Tesouro e Finanças, o eterno Francisco Louçã, não sei bem em que qualidade, Rosário Águas, deputada do PSD e mais três elementos que não sei quem são. Fátima Campos Ferreira, démodé, está sentadinha, enfiadinha num blazer azulinho. O cabelo está arranjadinho à sua medida... Está tudo muito cómodo a analisar os soundbytes do dr. Louçã. Coitado do Costa Pina. O truculento parlamentar do BE está-lhe a fazer a vida negra. A evitar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Contemplar


A Igreja dos Mártires, na rua Garrett, é um local a (re)descobrir, com calma e parcimónia, agora que o Natal está à porta e o Chiado começa a preparar-se para a época. Repare nos detalhes, nas dedicatórias aos santos, na história de cada recanto. Tudo está impecavelmente limpo, impecavelmente tratado, impecavelmente documentado.

Os reais poderes do Presidente

Cavaco Silva vetou de novo o Estatuto Político Administrativo dos Açores. A crer nas notícias, os socialistas vão reconfirmar o documento e, aí, Cavaco terá mesmo de promulgá-lo.
A grande questão centra-se na obrigação do PR ter de ouvir os órgãos de governo próprio dos Açores caso seja dissolvida a respectiva assembleia legislativa regional. Até agora não necessitava fazê-lo. Bastava ouvir o Conselho de Estado.
Com tantas incertezas não será mais fácil questionar quais são, efectivamente, os poderes do Presidente da República, para além de poder dissolver o Parlamento? E porque não o reforço dos poderes presidenciais? Ou o seu esvaziamento, até não ser mais que uma "rainha de Inglaterra"?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Democracia

Nos EUA é normal os jornais fazerem a escolha do seu candidato presidencial. O New York Times já declarou o seu apoio a Barack Obama. Goste-se ou não dos EUA há um facto irrefutável: lá há democracia. É certo, misturada com muita fanfarrada e picardias fúteis, mas há. A única justificação para existir um palco de onde possa falar a detestável Sarah Palin é porque se encontra na América. Em Portugal nenhum jornal pode fazer uma opção deste género, reconheço, mas seria interessante se grandes grupos como o de Balsemão ou Belmiro fizessem a sua escolha por cá. Seria um acto digníssimo e acabava-se de vez com a bonomia estúpida de se afirmar que, acima de tudo, tem de haver "objectividade" e "imparcialidade".

Mãos amigas

Dou alvíssaras a quem me enviar artigos contundentes, expressivamente críticos para com as seguintes personagens: Mário Soares, Jorge Coelho e António Costa. Garanto que nada me move contra o PS ou as pessoas citadas. Reconhece-lhes crédito em muitas áreas. Mas a verdade verdadinha é que nunca levam "pancada" da nossa imprensa.

À Sábado

A revista Sábado desta semana brinda-nos com várias "pérolas" jornalísticas - sublinho a publicidade que faço da publicação neste blogue para meia dúzia de amigos, mas acabo sempre por não me conter - de interesse dúbio. Pela enésima vez aparece José Rodrigues dos Santos. O multifacetado pivô da RTP não precisa de mais exposição, mas bem, a sua editora faz o que lhe compete: vender os seus livros! A Sábado comprou e conta, pela enésima vez, a história do homem que em menino comeu frango durante anos, devido a problema financeiros, mas que rumou a Macau, a Londres e aterrou, depois, na RTP, até hoje, tendo pelo meio casado e festejado numa pizaria...Uma entrevista muito light, realizada num hotel de luxo, em Sintra. Mas há mais: pela enésima vez a Sábado falou com Jorge Coelho, o homem do momento no mundo empresarial português. Sobre o estado da economia quase nada. Sobre a hora a que se levanta, o nó da gravata, os locais das férias, está lá tudo. Fiquei, inclusivé, a saber que mora na Quinta da Beloura, "em Cascais". Esta Sábado é um fartote. Leve levezinha, para consumo doméstico, em noites brandinhas...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As confissões (tardias) de Freitas do Amaral

Freitas do Amaral fez uma série de confissões, na Grande Entrevista da RTP, sobre a queda do avião que vitimou Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Falou de um telegrama que recebeu da embaixada de Portugal no Reino Unido, proveniente da Scotland Yard e que implicava - com alguma precisão - a eventual participação de Lee Rodrigues num acto de sabotagem no avião estacionado na Portela. Custa a crer que um homem avisado como Freitas do Amaral só agora torne público o que realmente aconteceu em 4 de Dezembro de 1980. Enquanto alto responsável político, não ficou, pelo menos, com curiosidade em saber se uma ordem sua (investigar o telegrama) enquanto PM interino, dada à Polícia Judiciária, estava a ser cumprida? Só passados 28 anos fala em público? Fica por explicar o silêncio de Freitas.

Ter talento


Digam o que quiserem: Herman José tem talento. Foi o artista que fez rir o Portugal miserável do final dos anos 70 e 80. Multifacetado, criou personagens que ainda hoje andam na mente de todos. É verdade que passou por momentos menos felizes, designadamente na SIC. Mas compará-lo aos enfadonhos "Gato Fedorento" é imoral. Parece que uma apresentadora de talk show afirmou, numa aula, que Herman José já não tem "credibilidade" e que "é uma sorte ainda fazer televisão". Aposto com quem quiser que o talk show termina (por tédio e por dar voz aos mesmos de sempre) e Herman continua.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A roda da sorte

Ontem a SIC demonstrou, numa reportagem simples mas oportuna, o quanto podemos poupar em tempos de crise, abdicando de rituais desnecessários e despesistas. Na verdade a maioria dos portugueses gasta mais do que pode. Vejo, diariamente, colegas meus a tomarem o pequeno-almoço no café da esquina, a almoçarem fora e a se deslocarem para casas que compraram a dezenas de quilómetros. Quase todos não ultrapassam os 800€ de ordenado mensal. Como conseguem suportar encargos tão elevados com salários tão baixos? Por que é que têm de ter casa própria à força, se só a utilizam para dormir? A década de 1990 foi fatal para muita gente. Generalizou-se a ideia (consumada) de que mais vale pagar uma "renda" ao banco do que a um senhorio... que mais vale pagar "suavemente" as férias que aplicar o dinheiro de uma só vez... que mais vale dilatar a prestação do carro por 10 anos... Esta autêntica roda da sorte que ceifou milhares de famílias está a apresentar agora a factura, nua e crua. Tudo isto me faz lembrar um amigo que gastou 200€ num jantar e depois outros tantos no casino para recuperar alguma coisinha...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Querer e poder

Miguel Veiga dizia há dias na SIC N, que, em Portugal, actualmente, não há políticos que "queiram" o poder, que "lutem" por ele, quais perdadores em cima das presas. Tem razão. Ao ver Manuela Ferreira Leite - sim o PSD ainda é o único partido que pode retirar o PS do poder - constato isso mesmo. O frete esforçado está bem patente na sua cara. A entrevista de ontem à TVI foi um bom espelho. Ao ver hoje num jornal fotos de uma arruada com Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Basílio Horta, Amaro da Costa, percebi melhor as palavras de Miguel Veiga. Só faltava Mário Soares. Quase todos irradiam poder. É isso que faz falta aos políticos de hoje: o poder natural e não imposto.

domingo, 19 de outubro de 2008

Até à morte


Julio Iglesias está aí, "vivinho da silva" e a partir muitos corações por esse mundo inteiro. O maior cantor latino, com 250 milhões de vendas, 65 anos de idade e 40 de carreira, vai continuar a cantar até à morte, segundo o próprio afirmou em Buenos Aires, à EFE, citado no El Mundo.
Boa semana. (Gosto de ouvir os espanhóis cantarem em Inglês. Aqui Iglesias com Diana Ross). Para quem não perdia o Top Disco.

Marcelo no seu melhor

Já estou a falar demais de política, mas não poderia deixar de anotar o engasganço de Marcelo Rebelo de Sousa teve, no Telejornal da RTP, ao comentar a possível candidatura de Santana Lopes à CML. O habilidoso comentador meteu os pés pelas mães e lá foi atirando que se trata do "candidato possível". Vindo de quem vem, é um óptimo sinal para Manuela Ferreira Leite.

A primeira é do PS

Carlos César vai iniciar o quarto mandato à frente dos Açores. Venceu as legislativas regionais de forma absoluta. O socialista segue a passos largos Alberto João Jardim, incontestável à frente dos destinos da Região. Porque será que quem está no poder nas ilhas mantém-se? César venceu na vitimização que Cavaco Silva fez o favor de suscitar, com tantos receios constitucionais, ao vetar o estatuto político da região. Na dúvida ou no ataque o eleitorado coloca-se, sempre, ao lado do seu líder. É isso que se passa na Madeira. No continente levantam lebres desnecessárias (o défice democrático na Madeira é um exemplo de má memória), depois admiram-se. Oiço agora dizer que não se pode retirar ilações da vitória socialista para o plano nacional. Ah! E se César tivesse perdido? O que se diria...?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Coincidências

Jornal de Negócios, edição de sexta-feira, 17 de Outubro, página 27: artigo de opinião de Jaime Carvalho Esteves, partner da PriceWaterHouseCoopers.
Jornal de Negócios, edição de sexta-feira, 17 de Outubro, página 29: publicidade de página inteira, da PriceWaterHouseCoopers.
Qualquer interpretação errónea ou maldosa da coincidência citada não vincula o autor.

O "civismo" de BB

Gosto sempre de folhear, com vagar, a edição das sextas do Jornal de Negócios. O suplemento "Weekend" tem qualidade, por norma. Hoje ao entrar na edição deparei-me com a habitual opinião de Baptista-Bastos. Reagi estranhamente. Onde costumava parar, avancei. Depois, voltei a traz: o homem tem direito à sua casa municipal (será que eu não a aceitava também?), mas o registo erudito com que aborda e zurze os políticos já não tem o mesmo sabor. BB fala de candidatos à CML de forma densa e angustiada. Chega a disparar: "Devo dizer aos meus Dilectos que tanto se me faz o dr. Costa como o dr. Santana". Pergunta óbvia: foi algum deles que lhe atribuiu a casa lá para os lados da Luz?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

As facas estão mais que afiadas

Pacheco Pereira acusa Santana de ser «imagem da derrota do PSD em 2005» - in TSF.
Até quando Manuela Ferreira Leite vai manter-se na presidência do PSD?

E se o mito acabasse?

Manuel Alegre transporta um mito consigo. Acredito que tenha um dilema por resolver. Uma luta consigo próprio, quiçá. Quanto valerá Alegre? Que peso tem este poeta gigante no xadrez político nacional? É que as presidenciais já foram e o milhão de votos - para mim - também. Acreditará alguém que conseguiria repetir a proeza, num movimento candidato às próximas legislativas? Não estará na hora de acabar com mais este mito? Ou terá a nação uma dívida eterna para com o histórico socialista? É que começa a ser fastidioso vê-lo levantar o braço contra o seu partido, em votações no Parlamento. Alegre está num partido, num grupo parlamentar. Aceitou as regras. Que mania a sua do minutinho de glória na hora das votações... Irra!

A caminho da glória

Carlos Queiroz podia já ir a caminho do «olimpo» futebolístico nacional, não fossem os grandes percalços da selecção dentro das quatro linhas. Nem com a Albânia, país donde apenas reconheço um nome: Tirana, a capital. Hoje, as conversas de café crucificam o treinador. Hoje, Queiroz é um tipo sem chama, que só "sabe comandar putos". Nem de bestial a besta passou. Hoje oiço muitos referirem Scolari, entre dentes. Esse mesmo. O brasileiro que só punha os "amigos" a jogar. O homem já andava com molhos de alecrim (afugenta o mau-olhado) nos bolsos, tal era a crispação dos "treinadores de bancada". Gosto da maneira de Scolari. Gosto da teimosia. Gostava dos "amigos". Eram esses que davam alma à selecção e deixavam um lastro contagiante mesmo que perdessem. Com Queiroz estamos a ser relegados para a prateleirinha de onde nos retirou o brasileiro "arrogante". E é assim Portugal. A todos os níveis.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Estamos entendidos?

Manuela Ferreira Leite reafirmou em Bruxelas que o PSD fala a várias vozes. Já o sabíamos! Que o partido é uma equipa e não apenas a presidente. Já sabíamos! Num dia em que tudo fervilha à volta do Orçamento do Estado, Manuela fala sobre problemas de comunicação. Tem esse direito, se questionada por jornalistas. Não o deveria fazer! Sobre o OE nada ainda ficou sobre a posição do PSD, apesar do partido ter falado a "várias vozes". Estamos entendidos!

PS: Parece que Santana Lopes vai voltar a eleições, em Lisboa. Aplaudo. Mas, uma vez mais, Manuela Ferreira Leite, sai muito mal. Apoiar alguém em que não votava para primeiro-ministro... Será isto mesmo verdade?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

À margem

Para além dos directos atabalhoados nos telejornais, o Orçamento do Estado para 2009, que é (só) o instrumento que vai reger as nossas vidas, isto é, que vai permitir ou não mais uma ida ao cinema, ao restaurante ou à FNAC, ficou à margem das nossas televisões. Nunca como agora se viveu tanto de soundbytes, do "trabalhinho fácil". Honra seja feita aos serviços on-line dos diversos jornais.

E as contas, sr. ministro?

O Orçamento do Estado para 2009 está aí. Fixei um dado: com pompa contida, Teixeira dos Santos, competente ministro das Finanças anunciou 2,9% de aumento nos ordenados para 2009. A taxa de inflação deverá cifrar-se nos 2,5%. Em que ficamos, sr. ministro? É fazer as contas, como dizia o outro.

Políticamente, não existe

Acreditava que Manuela Ferreira Leite poderia surpreender. Já não acredito. A presidente do PSD afundou-se no seu reduto silencioso. Em política não se pode permanecer tanto tempo em recolhimento. Manuela não é uma figura fácil de passar, nos media. Nem tem idade nem disposição para alterar o que quer que seja. Tem o direito de transparecer uma pessoa fria e distante. Em política não colhe. O "Público" de hoje faz a cronologia dos principais acontecimentos nacionais e internacionais dos últimos meses. A presidente do PSD passou ao lado. Se falou, não sei onde, como e porquê?

domingo, 12 de outubro de 2008

Nada de novo?

Confesso: só há meia hora peguei na VISÃO. Passei o fim-de-semana sem olhar para um jornal. A pausa impôs-se por motivos de boa "higiene mental". A crise financeira mundial, o custo de vida a piorar, os juros a subirem, as poupanças em risco...deixaram-me de rastos. Na verdade não senti grande falta de buscar informação. Afinal, para além do empate de Portugal na Suécia, nada de novo neste país? Aguardo, pacientemente, pela apresentação do Orçamento do Estado para 2009...Suspeito que o mau momento vai continuar.
Boa semana.1
1 Fiquei a saber que os ABBA estão aí para ficar. Número 1 de vendas na FNAC, o incontornável "Dancing Queen" é de 1976. A canção foi de homenagem à rainha Sílvia (acabada de casar com o rei Carlos Gustavo). Só mais uma curiosidade: Sílvia fala português. É filha de uma brasileira.

No Chiado

Ficar por Lisboa pode não ser um pesadelo. Ainda há alguns (poucos) sítios onde se pode descontrair sem entrar na bagunça dos centros comerciais ou andar pelas ruas sujas da baixa. É verdade que abunda muita imundice, pouca alegria, pouco movimento de gente. No Chiado podemos (ainda) tomar o pequeno-almoço na Brasileira e descer até à FNAC, passando pela bonita Bertrand e contemplar as lojas da rua Garrett. Uma alternativa para as manhãs cinzentas de Domingo.

Contemplar Lisboa...do alto


Enquanto o frio das noites outonais não se faz sentir é bom contemplar Lisboa do alto. Na Graça há a Albergaria Senhora do Monte, na calçada com o mesmo nome e junto do miradouro. Encerra às 24h e tem um terraço aprazível. A considerar para um café (servido em balão) e um digestivo após um jantar. Lisboa, a nossos pés, chega com alguma iluminação e silenciosa. Antes de regressar a casa pode sempre passar pela padaria da praça do Chile. As bolas de berlim vêm quentinhas. Uma boa maneira de acabar o fim-de-semana.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sem rupturas

Reconhecer aos gay a direito de casarem entre si não me causa calafrios. Os tempos fazem-se e ver dois homens ou duas mulheres casados é quase tão natural como reconhecer aos heterossexuais o direito a procriarem. Em mentes atrofiadas a ideia não é bem colhida. Apesar de respeitar custa-me a aceitar a negação de um "direito natural". Hoje, na Assembleia da República, o diploma do BE só foi chumbado devido ao calendário eleitoral do PS. Com o PSD a definhar e o CDS a derreter-se com a fumaça expelida por Paulo Portas, Sócrates não arrisca uma eventual cisão com a designada ala progressista. Venceu o novo PS. Manuel Alegre fez, uma vez mais, a "chamadinha de atenção", do género: "meninos, olhem, eu estou aqui".

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Jean-Marie Gustave Le Clézio

Eis o laureado com o prémio Nobel da Literatura de 2008. Confesso a minha ignorância: nunca o li. Dizem que se justifica. Acredito, apesar de lamentar que ainda não é desta que António Lobo Antunes sobe ao Olimpo das letras. Doris Lessing, premiada em 2007, tem 88 anos...
Saiba mais sobre este francês.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Será?


Será que alguém acredita, incluindo o afável ministro Luís Amado, que não passaram aviões da CIA em Portugal, em trânsito para Guantánamo, com prisioneiros? É claríssimo que a oposição está a esfolar ao tutano a questão política. É claríssimo que há muita falsa moral à volta deste tema, como é verdade que o PSD e CDS estão comprometidos até ao pescoço - Portas recebeu uma distinção do ex-secretário de Estado Rumsfeld - mas esconder este "sapo" é no mínimo de mau gosto. Assuma-se de vez que um aliado tão frágil e vulnerável como Portugal não pode dizer não ao "amigo" EUA. A mim não me tira o sono que tenha existido aparelhos voadores da CIA sobre o nosso espaço aéreo: já não sou virgem há muito. Mas é sempre um incómodo ver o honesto Luís Amado nesta posição. É a diplomacia.

PS: Portugal reconheceu a independência do Kosovo. Por mais engulhos que provoque que outra solução tinha? A cortina de ferro está aí. Nós, como sempre, estamos do lado dos EUA... Uma vez mais Luís Amado foi dos poucos, na esfera do PS, a compreender publicamente a aliança de Durão Barroso na Cimeira dos Açores, antes da invasão do Iraque. Gostava que me explicassem como poderia Portugal dizer "não" ao bloco ocidental? Que eu saiba já começamos a fazer prospecção de petróleo mas ainda não o encontramos.

Tapar a vergonha

«As mulheres sauditas só devem mostrar um olho», disse Muhammad al-Habadan, iluminado saudida numa“fatwa” (édito religioso) proposta por si. O xeque, ultra-conservador, não quer que as meninas, mulheres e idosas do seu país olhem o mundo actual com as duas vistas. Propõe visão reduzida para espantar males maiores e tentações provocadas pelo nervo ocular...“A revelação dos dois olhos encoraja as mulheres a usar maquilhagem [que é proibida] e atrai demasiada atenção, o que é um comportamento corrupto, em conflito com os princípios islâmicos", sublinhou o douto xeque. Uma delícia esta sentença... se fosse aplicada em determinados movimentos políticos portugueses. "Fruto proibido..."

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sobriedade de volta

João Adelino Faria regressou em grande à antena televisiva. Fazia falta a sobriedade, tranquilidade e segurança. A SIC-N que se cuide.

sábado, 4 de outubro de 2008

As baleias e a "emissora do cambado"


Era um petiz e ouvia esta música quase todos os dias, na Estação Rádio da Madeira, vulgo "Emissora do Cambado", no "Quando o telefone toca". Das 22 às 23h, os meus irmãos (mais velhos) não perdoavam. A telefonia, estrategicamente colocada num armário da cozinha, emitia sons agradáveis. "As baleias", de Roberto Carlos, eram um clássico daquela caixa já pintada por diversas vezes pelo meu pai, para esconder os sinais da idade. Tinha uma luzinha azul e demorava a "aquecer". Um encanto que fazia as noites lá de casa mais animadas. É óbvio que a minha opinião não riscava. Os mais velhos impunham a sua vontade. Mas eu gostava. Para relembrar.
*A música é de 1981

O que é nacional é bom

Lisboa-Porto-Lisboa. A viagem de avião faz-se bem, dura 30 minutos e contamos com a simpatia portuguesa de servir um bolinho e uma bebida. Em tão pouco tempo é de louvar a manutenção de uma boa atenção com os passageiros. Ao contrário de outras companhias (Ibéria à cabeça), ainda é possível o "chá, café, laranjada?" a bordo da TAP. Com uma boa rede de metro no Porto já compensa ir de avião até à Invicta. As promoções em http://www.flytap.com/.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Os insuspeitos do regime

Ter uma caneta na mão e um espaço num jornal é perigoso. A exposição mediática é traiçoeira. Ninguém é impoluto, moralmente superior, insuspeito. Todos temos “telhados de vidro”, de maior ou menor gravidade. Tudo muda de figura, se quem tem a caneta na mão escreve artigos de opinião. Há a tentação de discorrer sobre pessoas e os seus comportamentos. Confesso que tenho acompanhado “ao de leve” a polémica atribuição de casas da Câmara de Lisboa. Sei, no entanto, que isso acontece em todo o lado e – pasme-se – não me choca. O que já me causa calafrios – será mesmo? – é ver paladinos da ética, da moral., da esquerda democrática, da inteligência nacional, a usufruir de favores, como se estivessem a dormir debaixo da ponte. O infalível Baptista-Bastos, que nunca mais escreveu uma linha sobre Alberto João Jardim, após um acordo de cavalheiros, que o salvou de pagar uma choruda indemnização ao presidente da Madeira, por ofensas, é um dos felizes contemplados da beneficência camarária. Paga, segundo a Imprensa, 215€ por mês, por um apartamento para os lados da Luz. Não vou cair na facilidade de criticar por criticar. Este senhor, que vi há semanas, com um carro de compras no elitista supermercado do El Corte Ingles, que escreve semanalmente nos jornais, que já foi vedeta de televisão, que publica livros, que bate a sério nos prevaricadores, é o mesmo que tem uma casinha de “favor”? Nada me move contra BB. O que não me impede de lhe aplicar a velha máxima: “quem tem telhados de vidro…”.

PS: Confesso que me custou a colocar esta mensagem no ar, anteontem. Afinal este é um blogue de “Intimidades”. Aguardei pela crónica semanal de BB, no DN de ontem. Decidi avançar. O jornalista-escritor não diz nada, fala como se o estivessem a atacar. Nomeia a tão inglória teoria da cabala e invasão da privacidade. Li que BB comprou uma casa em Constância no ano em que recebeu outra do município de Lisboa. Não sei se é verdade. Mas está escrito e não foi desmentido. Para mim este assunto está encerrado. Com todas as ilações retiradas, claro está. Uma vez mais, meu caro Alexandre O’Neil, você tem razão: «País em que qualquer palerma diz, não, não é para mim este país».

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