Já não é novidade para ninguém que a Imprensa é muitas vezes parcial. Saca da cartilha da pluralidade quando se sente acossada, mas no fundo tira partido por uma das partes. Passa-se essa situação agora com a candidatura de Manuela Ferreira Leite. Quase todos os editoriais, análises e reportagens "puxam" por aquela a quem, vergonhosamente, já apelidaram de "dama de ferro", numa comparação ultra-infeliz à antiga primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher. Manuela surge já como vencedora antecipada. Do passado da ex-ministra cavaquista pouco se fala: das suas medidas anti-populares, das manifestações, do "apertar de cinto" cego. A imagem é de que Manuela é autoritária, credível, com curriculum que fala por si. Não entendo. A senhora é credível, mas em relação ao cv político, gostava que os media me dizessem que eleição ganhou, a que sufrágio se submeteu. Sei que sou mal interpretado, mas a comparação com Alberto João Jardim é infeliz. O homem é buçal, inconveniente, "põe-se a jeito". Mas, separadas as águas, ganhou dezenas de eleições, mudou a Madeira e é - por mais que isso custe aos intelectuais do PSD e aos feitores de opinião de serviço - coerente, governando ao centro-esquerda. Há muita gente, cá, que o gostava de o ver a defrontar Sócrates. Parece caricato, reconheço. Seria, no entanto, agradável, a Imprensa não passar um atestado de irresponsabilidade ignorante aos madeirenses que o têm elegido. Mais, Jardim foi presidente das regiões ultraperiféricas da UE durante 10 anos. Não votaria nele, mas que tem mais "obra" que todos os outros, lá isso tem. A Imprensa insiste na ridícula questão dos milhões transferidos e perdoados à Madeira. Esquecem-se é das políticas de perdão a Angola, Moçambique, etc. Sem que de lá saia nenhuma contrapartida.
PS: Há órgãos de comunicação que estão a dar uma atenção desmesurada a um candidato que me surpreende, pelo ridículo das suas declarações e até da própria pose. O homem, que não larga o título académico da mão, é uma anedota.