Conheci o comendador em 1994, no Monte Palace. Cheguei cedo a uma cerimónia anual que realizava nos jardins do antigo hotel do Monte, para os bolseiros da sua fundação. O comendador veio-me cumprimentar e eu aproveitei para trocar uns dedos de conversa com ele. Homem alto, reservado, bem vestido, tinha dificuldades em articular o inglês e o português. Comunicava com dificuldade. As palavras enrolavam-se na língua. Por isso era discreto, não dava entrevistas. Vi um homem introvertido, distante. Levou-me a conhecer a exposição de porcelanas (lindíssimas) que tinha na quinta e que nas suas contas rondavam, à época, 6 milhões de contos. Disse-me logo não saber quanto dinheiro tinha no total. Só o queria para investir, disse-me. O comendador lá me deixou para ir receber os estudantes universitários (que tendo nota superior a 14 valores tinham direito a 6 contos mensais da sua fundação). Fiquei com a ideia de um homem recatado. De negócios. Num golpe de marketing o homem que não se deixava entrevistar não vira a cara às câmaras (suga-as), às declarações mais díspares. Tem-me feito pensar numas palavras que me disse Almeida Santos: "Qualquer um pode colocar-se em cima de um caixote na rua e dizer os maiores disparates. Estamos em Democracia". Aguardo as cenas dos próximas episódios.
1 comentário:
O sr. Comendador que veste de preto foi o verdadeiro fenómeno do Verão e presa apetecível para a comunicação social. Ele, sedento de protagonismo, deixou-se caçar. Veremos até quando dura o seu estado de graça e já agora se existe algum jornal ou revista sem medo em fazer luz sobre toda a verdade da sua vida.
Enviar um comentário