quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Os insuspeitos do regime

Ter uma caneta na mão e um espaço num jornal é perigoso. A exposição mediática é traiçoeira. Ninguém é impoluto, moralmente superior, insuspeito. Todos temos “telhados de vidro”, de maior ou menor gravidade. Tudo muda de figura, se quem tem a caneta na mão escreve artigos de opinião. Há a tentação de discorrer sobre pessoas e os seus comportamentos. Confesso que tenho acompanhado “ao de leve” a polémica atribuição de casas da Câmara de Lisboa. Sei, no entanto, que isso acontece em todo o lado e – pasme-se – não me choca. O que já me causa calafrios – será mesmo? – é ver paladinos da ética, da moral., da esquerda democrática, da inteligência nacional, a usufruir de favores, como se estivessem a dormir debaixo da ponte. O infalível Baptista-Bastos, que nunca mais escreveu uma linha sobre Alberto João Jardim, após um acordo de cavalheiros, que o salvou de pagar uma choruda indemnização ao presidente da Madeira, por ofensas, é um dos felizes contemplados da beneficência camarária. Paga, segundo a Imprensa, 215€ por mês, por um apartamento para os lados da Luz. Não vou cair na facilidade de criticar por criticar. Este senhor, que vi há semanas, com um carro de compras no elitista supermercado do El Corte Ingles, que escreve semanalmente nos jornais, que já foi vedeta de televisão, que publica livros, que bate a sério nos prevaricadores, é o mesmo que tem uma casinha de “favor”? Nada me move contra BB. O que não me impede de lhe aplicar a velha máxima: “quem tem telhados de vidro…”.

PS: Confesso que me custou a colocar esta mensagem no ar, anteontem. Afinal este é um blogue de “Intimidades”. Aguardei pela crónica semanal de BB, no DN de ontem. Decidi avançar. O jornalista-escritor não diz nada, fala como se o estivessem a atacar. Nomeia a tão inglória teoria da cabala e invasão da privacidade. Li que BB comprou uma casa em Constância no ano em que recebeu outra do município de Lisboa. Não sei se é verdade. Mas está escrito e não foi desmentido. Para mim este assunto está encerrado. Com todas as ilações retiradas, claro está. Uma vez mais, meu caro Alexandre O’Neil, você tem razão: «País em que qualquer palerma diz, não, não é para mim este país».

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