sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A inveja e o ridículo (um pouco da nossa sociedade)


A ambição é o ponto de partida obrigatório para falar sobre homens de poder?
Tenho dificuldade em pôr no divã os homens do poder. (...) O importante é distinguir entre ambição e inveja. A ambição é saudável: queremos fazer melhor do que fizemos, queremos saber mais, analisar melhor os pacientes. A inveja é altamente maligna: o indivíduo não quer crescer ele próprio, quer diminuir o outro.
Há pessoas que precisam que todos saibam do poder de que estão investidas.
Há uns anos atrás, tinha consultório na rua Padre António Vieira; vivia pior, não tinha secretária e ia eu ao banco fazer as minhas contas. Um colega meu era também cliente desse banco. Uma vez, o gerente disse-me que o meu colega era muito esquisito e que tinha feito um pé-de-vento porque queria que pusessem nos cheques "Pofessor Doutor". Não lhe chegava o nome
E o que quer isso dizer?
A gente chama a isto identidade de papel. Se me sinto bem como sou, bastana ser o Coimbra de Matos. Se não me sinto bem como sou, agarro-me aos títulos; sou director, sou professor...É uma identidade de papel que compõe a minha identidade pessoal.

*As perguntas são de Anabela Mota Ribeiro. As respostas de António Coimbra de Matos, psicanalista e psiquiatra. No Jornal de Negócios de hoje. A não perder.

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