Jardim comemora, hoje, 30 anos à frente do governo regional da Madeira. É tempo a mais. Um político não se deve permitir a si próprio estar num cargo durante três décadas, em democracia. Algo falhou na preparação de um novo líder do PSD/M e AJJ sabe isso. Foi ele que secou o terreno à sua volta e decapitou os "delfins" que se posicionaram. Bem ou mal, o homem manteve-se ao leme, a Madeira desenvolveu-se brutalmente e... toda a gente fala dela. O grande mal entendido nas relações do continente com o arquipélago é que se mantêm. Dizer que a região é o que é devido ao dinheiro dos contribuintes continentais hostiliza a população madeirense, que continua a buscar guarida nas pernas do seu defensor de sempre. E AJJ agradece, eternizando-se no poder. Nunca nenhum líder partidário quis perceber que ao dizer isso estava a "magoar" gente que, não há muitos anos, vivia em colonia, sentia-se inferiorizada, não tinha acesso fácil ao médico, nem à escola. As elites na Madeira eram, em grande parte, famílias inglesas, que exploraram os locais até ao tutano. Em 1978 surgiu o "salvador", o político que bem ou mal dotou a ilha de meios, berrando aos que ousavam "ofender" os madeirenses. O sentimento de orfandade generalizada esbateu-se com o surgimento de Jardim, que fez obra e que falou a linguagem dos agricultores oprimidos. Na verdade, a oposição insular nunca conseguiu expiar os fantasmas que via em redor do presidente do GR. Dormia e dorme a pensar nele. Nunca o combateram de peito aberto. A oposição, na Madeira, não se faz na Assembleia, mas sim nas ruas, nos cafés, nos campos e à porta das igrejas, sem a sombra de líderes nacionais por perto. E Jardim é exímio nessa arte. Tanto bebe "vinho seco" como um wisky de 30 anos.
Já deveria ter saído, mas na cabeça dos madeirenses o dilema visceral mantém-se: quem é que virá após a saída do homem que inaugurou a estrada, o centro de saúde e a escola? (Uma vez o próprio disse-me: "Não há mais diálogo com os Açores porque o Mota Amaral é opus dei e eu sou mais copus night...)"...
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