Nunca se vai poder comparar José Sócrates a Alberto João Jardim. O primeiro cresceu dentro do aparelho, o segundo moldou-o à sua maneira; o primeiro é do PS, o segundo do PSD; o primeiro é meticuloso, articulado, o segundo é buçal, populista; o primeiro não tem obra, o segundo está no povo, inaugura 500 metros de alcatrão e responde (mesmo que mal) aos jornalistas. Sócrates vem de famílias com dinheiro, Jardim vem da classe média, fala para o povo, mistura-se com ele. É um verdadeiro animal político, concorde-se ou não com as suas declarações inflamadas. Façam, no entanto, a justiça: a Madeira progride, tem taxas turísticas elevadas, escolas com infra-estruturas melhores que as melhores privadas do continente, centros de saúde com urgências em diversos concelhos que distam do Hospital Central do Funchal no máximo 45 minutos. Tem cidades e concelhos limpos, parques para crianças, diversões, estradas capazes, consultas de todas as especialidades no hospital (com fraca lista de espera), consultas no privado a 50€ (a convenção existente com o governo regional não permite preços mais elevados, porque a população não atingiu níveis de vida que suportem o normal regime de preços livres)... Que temos aqui no Continente? E por que está Jardim há tanto tanto na cadeira do poder, por mais abusos que cometa? E não venham com história que tudo é feito com o dinheiro dos contribuintes continentais. Esse comentário é tão estúpido quanto dizer-se que a nova estrada em Bragança foi feita com o dinheiro dos algarvios... A diferença maior que separa Sócrates de Jardim é que o segundo é mesmo político, vai à luta, proporciona boas condições de saúde, educação. O primeiro agarra-se aos barómetros económicos e não cede nas más políticas porque não tem coragem, porque é teimoso e tem pouca experiência. Um mau exemplo que vai perdurar por mais tempo que julgamos.
1 comentário:
Concordo plenamente. Houvesse no Continente, mais concretamente naquele hemiciclo onde se pavoneiam tantos pavões de casta incerta, mais "animais" como ele (AJJ) e decerto não ficariamos só pelas intenções.
Palavras, leva-as o vento...
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